sexta-feira, 11 de abril de 2008

Roubo Impossível Parte 2 (que infelizmente não é a última)

Bom gente, eu estou devendo a continuação do conto há algum tempinho já.
Porém, não estou tendo o tempo que gostaria de ter para me dedicar a ele, logo, decidi postar o pouco que já escrevi desde a última vez, para que isso aqui não fique abandonado.
O conto está ficando bem do jeito que eu o estava imaginando, o que é ótimo, pois não estou mais me confundindo na hora de escrever.
Espero que gostem dessa parte. Vou publicar o fim em breve, ou pelo menos assim espero.
Abraços.


Roubo Impossível - Parte 2

O cheiro de café tomava conta da sala. Dois copos de plástico, que deviam estar cheios do líquido fumegante e negro como a noite, decoravam a mesa ao lado do vídeo cassete.

-Aceita um? – era Artur, apontando para os recipientes.

-Não gosto de café. Mas aceito um refrigerante. – esta última frase foi dita com tom brincalhão.

-Ligue as coisas aí então, e pode começar a assistir, que eu vou buscar para você. – o policial não estava brincando, e isso surpreendeu o mágico. – Qual você quer?

-Hum, pode ser qualquer um de uva. – incerteza e desconfiança. Mas o policial balançou a cabeça afirmativamente e saiu da sala, levando a mão no bolso de trás da calça, onde ficava a carteira.

Alguns minutos depois a porta abriu, revelando que Artur estava realmente falando sério, pois segurava uma latinha roxa em uma das mãos, e um copo branco, daqueles que parecem de isopor, bem grande, que se pega nas máquinas de café, na outra.

-É bem melhor vir pra cá quando não se é um suspeito. E pra quem é o outro café?– brincou o mágico. Um estalo irrompeu da lata, quando o lacre foi aberto.

-Não tenha dúvidas de que é melhor. É para mim mesmo. - disse se referindo ao copo. - Sempre morro de sede quando assisto TV– respondeu o policial, também em tom brincalhão. Deu um gole no líquido fumegante, sem nem mesmo assoprar. Sua língua depois de anos sendo maltratada já se acostumara ao café quente. – Não ligou o vídeo por quê? Bom, não importa. Posso ligá-lo agora?

-Claro, claro. Quanto mais cedo terminarmos de assistir, mais cedo posso voltar para casa. – Tony lembrou-se de Carla e seu vestido preto com amarelo, e na hora se arrependeu de não ter pegado nem ao menos o número do celular da moça.

A tela negra da TV brilhou com a estática ao ser ligada e se coloriu de azul, enquanto o aparelho de vídeo rosnava. No segundo seguinte surgiu o interior do banco que havia sido roubado. No canto inferior esquerdo da tela estava marcada a data e a hora que aquelas cenas foram gravadas. Três da manhã, há dois dias atrás. Um guarda estava sentado em uma cadeira de madeira de frente para a porta do cofre, fechada. Um pequeno vulto voou em direção ao guarda, que caiu no chão, imóvel. No instante seguinte outro homem aparece na gravação, vestindo um terno negro e uma cartola, de mesma cor, que impedia que seu rosto fosse filmado.

O mágico verificou a pulsação do guarda, agachando-se e colocando dois dedos no pescoço da vítima. Levantou-se alguns segundos depois. Levou a mão direita até o bolso e retirou o que de inicio parecia um lenço. Mas o pano não parava de sair, até ficar imenso, do tamanho de um lençol. Tony deu um pequeno sorriso nessa hora. Artur olhava fixamente para a tela, sem nem ao menos piscar. Os dois deram um gole em suas respectivas bebidas.

O ladrão ajeitou o lençol, esticando-o e prendendo-o na parte de cima do cofre. O pano escondeu totalmente a porta. O que aconteceu em seguida fez Tony dar um salto da cadeira e bater palmas. O mágico levantara o lenço gigante, ficando em baixo do mesmo. No segundo seguinte o mágico largou-o, e o pano desceu vagarosamente, até ficar totalmente esticado na porta. O rapaz havia sumido.

-Viu? Era disso que eu estava falando. – era Artur, que já estava na metade do segundo copo. – Como esse maldito faz isso?

-Foi uma mágica maravilhosa. – Tony estava encantado. Seu refrigerante estava praticamente inteiro ainda. O mágico se deu conta disso, e levou a latinha até a boca, dando um gole bem demorado. – Pena que ele está usando a mágica para fins ilegais, porque ele é bom.

-Bom? Nem me fale. Não conseguimos encontrar pista nenhuma no local. A única coisa que ele deixou para trás foi a carta que desmaiou o policial.

-Carta?

-Exato. Aquele vulto preto no começo do vídeo é uma carta de baralho, que acertou o pescoço do policial e que o fez desmaiar.

-E isso existe é? Eu achava que desmaiar os outros apertando no pescoço era lenda de filmes policiais americanos.

-Eu também. A gente não aprende essas coisas aqui não. Ainda mais com uma carta.

-É, concordo. Eu já vi gente fazer muita coisa esquisita com baralho, - disse o mágico esboçando um sorrisinho com o canto da boca. – mas isso ai é coisa de Rambo.

-Uhum. – se limitou a dizer o policial, pois a gravação voltou a ser mais interessante que a conversa.