terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Conceder Divino - Capítulo 8 (atrasado hehe)

Ai, ai. Dois meses de atraso. tsc tsc tsc.
Ao contrario do que eu imaginei, levei algumas broncas por não ter postado nada nesses últimos tempos. O que me deixou feliz. Tem gente querendo ler sem eu precisar pedir hehehe.

Mas bom, pelo menos meu atraso não foi por preguiça ou desleixo. Eu tive muita, MUITA coisa para fazer de uns tempos para cá. Além de mais um concurso cultural, eu dei uma avançada boa em meu livro. Boa mesmo hehe, por enquanto não vou falar mais nada.

O natal está chegando, e consequentemente o ano já está indo embora. E que ano ótimo foi esse. Muita coisa importante aconteceu para mim, tanto no campo literário quanto no mágico. Até hipnose eu aprendi! (Valeu Bruno!)
Agora tudo me leva a crer que 2010 vai ser ainda melhor. E é aqui que eu fico quieto hehe, para não spoilar nenhuma surpresa do ano que vem.

Boa leitura, natal e ano novo!


Capítulo 8 – Stéfano Heavenclown

Katrina tinha acabado de aplicar a poção de cura recém feita por ela, graças às anotações de Loonmos, quando ouviu passos vindo em direção do laboratório. Olhou assustada em direção à porta e a visão que teve não a acalmou em nada. Um homem magro e alto, de cabelos verdes com uma mecha branca, espetados para cima, parecendo uma torre de superfície plana, vestindo uma cômica roupa de bobo da corte, mais colorida que a do homem que vinha debruçado em sues ombros. Lyem parecia inconsciente, mas caminhava vagarosamente acompanhando o estranho aliado.

-Olá Katrina. É Katrina não é? Eu nunca lembro qual é qual, hehehe. - disse dando um sorriso tímido para a clériga.

-Sim sim, eu sou Katrina. - respondeu quase chorando. - Mas como sabe meu nome? O que aconteceu com Lyem? Foi você quem fez isso com ele? - lágrimas jorravam pelos belos olhos da mulher, que começara a se desesperar.

-Calma, calma. Não fui eu quem fez isso. De certo modo foi ele mesmo, que foi procurar briga onde não devia. Mas não temos tempo para isso. Venha, usa um pouco disso ai nas costas dele. - apontou para o pote com a poção de cura, enquanto aconchegava Lyem no chão ao lado dos outros dois companheiros e da companheira, que também estavam desmaiados.

A clériga no mesmo instante pegou o frasco e despejou o conteúdo viscoso no ferimento de seu amado, que pareceu relaxar após o primeiro susto de sentir algo sobre uma área que no momento estava tão sensível.

-Agora diga-me senhor, quem é você? - perguntou tímida enquanto acariciava as costas, espalhando o remédio, de Lyem.

-Vamos esperar todos acordarem, tudo bem? Não quero ter de explicar a mesma história mias de uma vez. - agora o estranho sorria sem receios na expressão, e a atmosfera que o cercava fazia Katrina se sentir um pouco mais calma.

Lyem não sabia mais onde estava e o que acontecia a sua volta. Percebeu quando começou a caminhar apoiado em alguém. Primeiro achou que fosse um de seus companheiros, mas a idéia esvaiu quando em sua mente, ainda dividida entre realidade, sonho e ilusão, o fez se lembrar de estalido seco de uma panela caindo no chão, e em seguida o surgimento de um pequeno macaco inofensivo. Parecia-lhe que aquele macaco havia crescido e agora o carregava em direção a sabe-se lá onde. E então sentiu o pulmão pesando e o cheiro de fumaça, e finalmente vagou somente para o reino onírico.

Quando o sonho terminou e se perdeu na profundeza de sua memória, acordou e viu Katrina segurando suas mãos e olhando nos olhos, com os dela brilhando por segurar as lágrimas.

-Tanna-Toh muito obrigada! - agradeceu a clériga, já não segurando o choro mais, e abraçando o swashbuckler. - Eu estava tão preocupada! - disse aos soluços.

-Por todos os Deuses do Panteão. Eu saio de casa como Lyem Aquai e volto como Tanna-Toh – disse com falsa preocupação, enquanto abraçava a clériga, que deu uma risadinha da piada do amado. - Não se preocupe mais. Já estou muito bem. Não faço idéia do que aconteceu, mas estou bem. - Deu um beijo gelado de madeira e sem vida na testa da amada (uma delas.).

Foi nesse momento que percebeu que Achir estava acordado, sentado na janela aberta que dava para o campo. Em volta dele estavam Katarina, Radagast e o rapaz magro de cabelos verdes e roupa engraçada.

-Nossa, chefinho, você dorme demais. A gente não tava com pressa? - brincou o bardo, muito feliz por ver seu amigo bom novamente. - E pensar que a gente teve que usar aquelas coisas assustadoras para nos curarmos. Ai, eu me arrepio só de pensar. - Achir Snycer tinha medo de poções mágicas.

-Todos estão bem, que alívio. Eu nunca duvidei da capacidade de nenhum de vocês. - piscou para Radagast, que controlara o incêndio sem maiores problemas. - Nem de você Katarina, minha querida. - Lyem se levantou ainda abraçado pela clériga, e foi ao encontro dos outros.

A paladina estava enrubescida, com vergonha de admitir que não fora capaz de fazer a sua parte, e virou a cabeça para o lado quando Lyem veio beijar-lhe a mão.

-Eu já não posso dizer o mesmo de mim não é? - pelo tom de voz os outros perceberem que ele sorria. - Desculpem-me.

-Eu também quero pedir desculpas Lyem. - Katarina respirou fundo e encarou o líder nos olhos. - Eu falhei também, e se não fosse por esse homem, eu e Achir estaríamos mortos agora.

As lágrimas fugiram da clériga para se mostrarem na sua irmã, que chorava timidamente enquanto olhava para o swashbuckler. Seu coração acelerou ainda mais quando Lyem a segurou pelo queixo, erguendo sua linda face a altura da sua.

-Não seja tola. Nada do que você faz é ruim para mim. Nunca você terá de me pedir desculpas. Somente eu faço as coisas erradas por aqui entendeu? E você rapaz! - Se desvencilhou das irmãs e apontou o dedo para o estranho. - Você não apenas salvou a vida de duas das pessoas mais importantes no mundo para mim, como eu tenho certeza de que você salvou a minha também. Estou certo?

-Sim senhor. - respondeu olhando a ponta dos próprios pés. - Mas não me trate como um estranho, meu caro amigo. - Sua expressão mudara completamente, agora estava sorridente e descarado. Passara um dos braços por cima dos ombros de Lyem, abraçando-o em sinal de camaradagem. - A gente já se conhece, não se lembra? Na casa do Dimictus, aquele macaquinho... - estufou o peito com orgulho. - Era eu!

Todos olharam perplexos para o magricela engraçado no meio da sala, tentando resgatar na memória a cena que se passou em Triunphus. Enquanto iam se lembrando aos poucos, Aquai voltou a conversar com o homem, macaco... seja lá o que for.

-E qual é o seu nome, macaco de Triunphus?

-Stéfano!

-Stéfano do que? Ou só Stéfano?

-Heavenclown. Stéfano Heavenclown. - apertaram as mãos.

-E então senhor Heavenclown, nós temos uma dívida impagável, na minha opinião. Nada nesse mundo é capaz de recompensá-lo pelo que fez por nós. Gostaria de nos acompanhar durante nossa viagem? Provavelmente encontraremos algo que te agrade. O que me diz?

“Com certeza tem algo que eu gostaria Lyem, e que pagaria todas as boas ações do mundo!” pensou o clérigo olhando com o canto do olho para Katarina. – Hahahahaha! Eu já vinha acompanhando vocês. Escondido. Eu estava com medo, não é todo mundo que gosta dos clérigos de Hyninn. - fechou os olhos ao pronunciar essa última palavra, esperando as reprovações e até mesmo os golpes, por que não?

-Hahahaha! Isso explica essas roupas e o penteado. Pois você esta com muita sorte! Porque eu não tenho nada contra nenhum Deus, quase nenhum pra falar a verdade. Pois não nos siga mais se escondendo nas sombras eu sabe-se lá Hyninn por onde você se esgueirava. Venha conosco, andando ao nosso lado. A não ser é claro que meus amigos não queiram tal companhia. - passou os olhos por todos ali na sala. Estavam sorridentes também, e nenhuma lágrima escorria mais na face de ninguém. Todos cumprimentaram o novo parceiro, que estranhou o cômico cumprimento do feiticeiro, que parecia retirar um chapéu invisível da cabeça.

-Como é o teu nome mesmo? Ele me parece familiar? É Ragabash? - perguntou Stéfano, rindo no canto da boca.

-Não, não. - respondeu envergonhado o feiticeiro, repetindo a mesura do chapéu invisível – Eu me chamo Radagast.

“Com certeza tem algo que eu gostaria Lyem, e que pagaria todas as boas ações do mundo!” pensou o clérigo olhando com o canto do olho para Katarina.