domingo, 2 de maio de 2010

Conceder Divino - Capítulo 10

Maio! Meu mês favorito! Finalmente.
E esse ano o mês do meu aniversário tem tudo para ser o melhor que já tive nesses 22 anos (é meu, estou ficando velho).
Não quero ter falsas esperanças, mas de acordo com o site da editora Draco, o prazo para avaliação do meu original que mandei para eles chega ao fim justamente agora em Maio! O único problema é que ele pode ser prorrogado e tudo mais, mas não quero pensar nisso.
Já estou ansioso demais, afinal, já foram 3 meses de espera, indo para o 4º. Está sendo bem difícil aguardar. Todo dia sinto vontade de mandar mil e-mails para o pessoal da editora, para perguntar infinitas coisas, mas acabo não mandando nenhum, para não parecer desesperado. O que realmente não estou. Mas não posso negar que a ansiedade está me matando.
Então, quem sabe, no meio desse mês, ou no final, whatever, eu venha aqui postar a melhor notícia do ano! Nossa, só de pensar já me da frio na barriga!
Meu livro, publicado! Que sonho! E está para se realizar!

Agora indo ao ponto principal deste post, o capítulo 10 é bem curtinho, mas é uma introdução a uma cena que eu gostei muito de escrever e que por sinal é imensa, hehe.
Então, o próximo capitulo, vai compensar este em dobro.
Mas até lá, não vou tomar tanto o tempo de vocês. Espero que gostem (E DEIXEM COMENTÁRIOS!)

Capítulo 10 – Emboscada

-Nossa! Então ela se matou só porque você disse que ia embora?

-Sim Stéfano, foi o que ela fez.

-Aí a Deusa do Amor apareceu e te amaldiçoou?

-SIM STÉFANO! EU JÁ REPETI A HISTÓRIA MAIS DE MIL VEZES!

Os feridos já caminhavam normalmente, indo em direção a Malpetrim, cidade mais próxima de onde estavam, enquanto Stéfano Heavenclown conhecia melhor seus novos amigos. Lyem corara por debaixo da máscara, enquanto as gêmeas desviavam o olhar.

-O que é que a gente esta indo fazer na cidade mesmo, chefinho? - dessa vez foi o bardo, que já voltara a respirar sem problemas e sem ânsias para botar a poção de cura pra fora, quem puxou o assunto.

-Eu preciso comprar um sobretudo novo pra mim. Não posso ficar andando com este aqui, rasgado e sujo. E sem falar que todos nossos suprimentos se perderam no incêndio.

-Falando nisso, temos que dar graças a todos os Deuses do Panteão por ter sobrado o suficiente daquela trepadeira maldita para fazer a poção que nós procurávamos. - disse Radagast, pela primeira vez desde que o clérigo de Hyninn começara a caminhar com eles. - E agradecer também à Katrina, que lembrou que liana significa trepadeira. - a clériga enrubesceu novamente.

Ainda faltava meio dia de caminhada até chegarem aos portões da cidade quando Tenebra começava a banhar-se de estrelas no céu. O grupo percorria o caminho conversando e brincando aos altos brados. Piadas, risadas, provocações, os amigos pareciam conhecidos de longa data, até mesmo o Heavenclown era tratado como um irmão mais novo.

-Hahaha! Então você não gosta dessas poções de cura hein, Achir? – zombou o clérigo.

-Não gosto? Eu tenho pavor dessa coisa que fecha os ferimentos! Uma espada cortar a carne e fazer verter o sangue tudo bem. É dolorido, eu concordo. Mas esse liquido de gosto estranho, ou aquela gosma mal-cheirosa, que faz o sangue estacar e a carne regenerar me da calafrios. E ainda me fazem andar com um pote dessa coisa. – Todos riram novamente, e Radagast passou o braço pelo ombro do amigo, num sinal de camaradagem, tentando deixar o bardo menos constrangido.

As gêmeas iam caminhando na frente dos rapazes, achando graça na conversa também. Entretidos entre si, ninguém prestou atenção no movimento em volta da estrada. Vários homens esgueiravam-se por entre a vegetação, calculando a hora certa para dar início ao plano. E a hora chegou quando as meninas se afastaram um pouco mais dos heróis.

Um grupo de guerreiros bárbaros surgiu da vegetação que circundava a estrada, gritando e brandindo as espadas na direção dos heróis. Uma armadilha de corda fora acionada, içando o meio-elfo e os outros homens numa grande rede presa a algum tronco. As irmãs ficaram livres. Katarina já ia desembainhando sua arma, mas foi impedida por um grupo de bandidos que a haviam cercado junto com sua irmã. Os ladrões empunhavam cimitarras velhas e enferrujadas.

Lyem e os outros rapazes tentavam, inutilmente, se libertarem da prisão de cordas. Quando Radagast estava começando a se concentrar para resolver o problema apelando para magia, o swashbuckler interferiu, colocando a mão no ombro do feiticeiro e fazendo sinal negativo com a cabeça. As gêmeas haviam sido feitas reféns.

-Mas que sorte a nossa! - uma voz gutural, vinda dos arbustos de onde saíram os bandidos, anunciou a chegada do que pareceu ser o líder dos ladrões. Um homem robusto, com braços fortes, peito largo, uma espessa barba negra em contraste com as várias cicatrizes no rosto, vestindo peles de diversos animais diferentes costuradas umas nas outras. - Paramos para roubar alguns idiotas e ainda lucramos as duas criaturas mais lindas deste mundo. - falou quase gritando, para que todos seus subordinados, e os aventureiros, pudessem ouvir. Tocou o queixo de ambas. Katrina virou o rosto, já enrubescido, enquanto Katarina cuspiu na cara do bárbaro, que com um sorriso malicioso lambeu a saliva da paladina espalhada na sua barba.

Com um movimento rápido das mãos, o líder liberou os companheiros para saquearem os pertences dos presos, e que amarrassem os dois troféus de cabelos longos e cheiro de flores amanhecidas no orvalho. Lyem dera ordem, com o olhar, de que ninguém demonstrasse resistência, qualquer movimento mais ameaçador poderia por a vida das gêmeas em risco. Todos os objetos dos rapazes foram retirados de seus respectivos donos através da rede mesmo. A poção necessária para o ritual que libertaria Dimictus estava em segurança, por enquanto, na bolsa de Katrina, guardada por dentro de seu robe.

-Mas que bela máscara você tem ai meu rapaz. - Disse o líder dos ladrões, sorrindo. - Julia, traga-a para mim! - O meio-elfo amaldiçoado sentiu o coração acelerar e a preocupação embrulhar-lhe o estômago.

A moça, Julia, andou em direção a prisão de cordas onde se encontravam os rapazes. Todos pareciam congelados, imaginando o que poderia acontecer se a ladra vislumbrasse a face de Lyem, mesmo que por um segundo apenas. A paixão que nasceria ali no momento poderia trazer alguma vantagem, mas os companheiros do swashbuckler sabiam que ele não aprovava tal sentimento, muito menos tal estratégia.

-Não ouse roubar esta máscara! - Radagast foi o único a se manifestar quando a moça retirava o chapéu de Aquai para retirar-lhe as amarras que prendiam a triste face de madeira ao rosto do herói. - Não faça isso, ou eu... ou eu... - O feiticeiro fechou os olhos, e sua respiração produzia pequenas nuvens de vapor.

-Calma meu amigo, não seja imprudente. - ordenou-lhe o meio-elfo, pensando nas gêmeas que foram feitas reféns.

-Você ouviu seu parceiro, não ouviu? Fique quieto ai! - retrucou a ladra, acertando um forte golpe com o cabo de sua adaga na nuca do feiticeiro, embaçando sua visão e sua concentração na mancha disforme da pré-inconsciência. O frio repentino desapareceu.

No mesmo instante Lyem sentiu o vento bater em suas bochechas, como a muito não acontecia, e escondeu a face com os longos cabelos, jogando-os para frente balançando o pescoço. Felizmente a ladra não o viu descoberto.

O bardo olhava com o canto do olho paras as reféns, imaginando se elas tentariam finalmente ver a face do homem que amam. Mas com muito esforço, ambas olhavam para o chão, lutando contra a curiosidade e a paixão.

-O que vamos fazer com esses caras, chefe? - perguntou a moça que pegara a máscara de Lyem. - Matamos?

-Hahaha. Não será necessário. Deixe-os presos ai em cima. Se eles derem sorte, alguém disposto a ajudá-los passará por aqui.

-Mas e se eles vierem atrás da gente, chefe? - perguntou outro ladrão, que ouvia a conversa.

-Se eles vierem nós lhe daremos uma surra que jamais vão se esquecer. - gabou-se o líder, com sua risada que mais parecia um porco no matadouro. Todos os outros riram também. Lágrimas escorreram dos olhos de Katrina, mas ela não fez um barulho sequer.